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sábado, 5 de setembro de 2015

Vida, persistente vida!


Ah, a vida!
Persistente em tua vontade de continuar.
Quem pode mensurar esta tua vontade?
Tua chama não se extingue tão fácil assim.
Ah, vida!
Que insistes em permanecer ainda que tudo a tua volta
venha te dizer: Agora é o teu fim!
Não, tú não desistirá tão fácil assim!

Dentro de tí
uma chama que arde e não se pode apagar.
Basta a tí um pouco de ar, úmido, límpido ar,
e um resquício de raio de sol,
e então, eis você, vida!
Pode até estar esquecida no fundo de uma gaveta
do armário.
Vida! vida! vida!

          Manoel Augusto

Não peça licença a alegria

Não represa o rio que há no teu sorriso,
mas deixa que transborde por todos os lados.
Felicidade não é coisa que se represe.
Alegria é que nem água,
não foi feita pra guardar!
Água guardada fica salobre.
Felicidade guardada também.

Porque tênue como a teia da aranha
é a linha que separa sonho e ilusão.
Ilusão é coisa que engana,
sonho é coisa que virá!

Não represa o rio que há no teu sorriso.
Abre a janela, deixa o sol entrar.
Vai lá fora e deixa o vento bater no rosto
e quem sabe este te faça lembrar
de quando tú eras criança
precisava de pouca coisa pra estar feliz!
Quem te ensinou a pedir licença pra alegria?

             Manoel Augusto

Dá-me, tinta, pena e papel


Dá-me tinta, pena e papel,
e te darei um mundo
de horizontes e de infinitas possibilidades.
Aquele mundo, utópico, quimérico, extraordinário.

Dá-me tinta, pena e papel,
e o que foi pretérito imperfeito,
será no futuro refeito,
descrito em ausência de juízo perfeito,
inexplicável, incomum, rarefeito.

Dá-me tinta, pena e papel,
e farei que tua sina cruel
seja sempre aos teus sonhos fiel,
obra de artista, maravilhosa, pintada a pincel.

Se duvidas,
Dá-me tinta, pena e papel.

        Manoel Augusto - Pequenas Palavras

Pequenos gestos, grandes atitudes


Pequenos gestos,
muitas vezes podem salvar uma vida,
alegrar um coração aflito e machucado.
Pequenos gestos podem tirar alguém da solidão,
do isolamento, do desejo do suicídio, acredite.
sim, muitas vezes o só emprestar seu ouvido,
pacientemente a alguém,
pode tirar uma vida da escuridão,
desviar do mau pensamento, resgatar a sanidade,
a dignidade, a humanidade de alguém.
Um estranho na rua, um cabisbaixo no banco da praça,
alguém olhando no vazio.
Pequenos gestos: apanhar pra alguém algo que caiu.
Sorrir de volta à alguém que passou e sorriu,
pequenas coisas.
O mundo está cheio de pessoas solitárias, machucadas,
maltratadas, amedrontadas, decepcionadas, perdidas,
desconfiadas,
guardando tudo isso na alma.
Mas, tú! Tú que sabes tudo isso,
seja o bálsamo!
Te fará tão bem quanto a estes!

         Manoel Augusto - Pequenas Palavras

O instante

Estou tomado pelo agora.
O amanhã não me interessa neste instante
que vivo, o agora!
fui arrebatado pelo hoje.
Por esse intenso intervalo temporal que chegou como chuva,
que não avisa e me lavou a alma
a com a urgência efêmera deste lapso de eternidade,
este minutos.
olhei adiante na estrada, e não havia nada.
Ainda não fora escrita a minha vida
no momento seguinte,
e se ficasse alí eternamente, hipnotizado
pelo vácuo desta hora,
o que seria de mim?
Ah, tempo, por que és cruel e não podes parar
um instante e me deixar pensar se quero ir ou ficar?
Me arrastas neste teu turbilhão e não tenho escolhas.
vês?
Olhei a árvore que ficava na divisa da estrada,
um instante atrás,
tinha ela dez mil folhas, agora já não as tem mais,
já se foram algumas.
Tempo, tú modificas tudo e não deixa o imutável existir.
Ah, tempo!
Por que és tão pontual em teu cumprir?
e não tem pena de ninguém, nem de mim.
E agora, que a urgência se foi,
Ah, tempo! vamos falar de eternidade!

         Manoel Augusto

Serão flechas ou flores


Palavras são espadas
quando se quer ferir alguém.
Palavras são balas de arma de fogo,
podem tirar a vida também!
São veneno feroz, faz murchar a flor,
secar a semente e fazer de florestas,
desertos imensos sem vida.

Palavra, palavra, palavra.

Palavras são flechas certeiras,
atingem de preferência no coração.
Depois tesado o arco, soltado a flecha,
não se pode arrepender.

Palavra dita, se fora mal dita ou se fora bem dita,
não voltam atrás, ficam gravadas, não se apagam jamais!

Cuidado com tuas flechas!

Palavras são flores,
quando se quer tornar o mal em bem.
Perfumam as vidas, enfeitam os dias,
alegram mentes e corações.
Palavras são bálsamos, curam feridas,
cicatrizam cortes, cessam a lágrima,
colocam um sorriso no rosto de alguém.

Palavra, palavra, palavra.

Escolha bem as suas,
palavras ditas não voltam jamais!

                 Manoel Augusto

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Emociona-te


Emociona-te, sim, emociona-te.
Para você que quer passar a vida incólume,
que se abriga das emoções, das sentimentalidades devidas
a quem tem um coração latente, pulsante, ardente.
Para você que se defende com todas as forças,
do sentir, do querer, do expressar, exprimir,
contentar, revoltar, revoar, ressentir.
De sentir, jamais deveria abstrair-se,
de se emocionar, jamais deveria omitir-se.
Se é por isso que tens um coração.
Se alguma coisa partí-lo, despedaçá-lo mesmo,
em mil pedaços tal,
e tú tiveres de juntar os pedaços todos,
que prazer terás!
e tú verás que assim tú te sentirás cada vez mais vivo.
Do contrário, querido amigo,
estás morto em vida.
Cometeste suicídio e não morreste.
Porque o que é a vida, senão começar de novo,
de novo e de novo!
o que nos diferencia das coisas inanimadas é justamente o sentir!
Mais do que pensar, mais!
Pois existir é uma questão de como te sentes no mundo!
Por isso, retira a armadura, abaixa tuas armas,
renda-se! e emociona-te!

                 Manoel Augusto

Eu sou teu cais

Eu sou teu cais.
Quando o mar em fúria se tornar,
e te veres com tua vida por um fio,
Navega pra mim, lança tuas cordas e eu te deixarei
em segurança outra vez.
Eu sou teu cais!

Quando navegares atrás de tesouros e ilusões,
e encontrares o nada por recompensa, volta!
E estarei aqui, pra segurar tuas amarras
e não te deixar partir em vão!
Eu sou teu cais!

E se na imensidão do mar, a solidão te tomar de assalto,
e teu coração se comprimir em teu peito,
e uma lágrima teimar em molhar tua face,
bronzeada do sol e do sal marítimo, volta!
E te estenderei minhas mãos hipotéticas, duradouras,
de carvalho, fortes, tú bem sabes.
Eu sou teu cais!

Eu sei que tu sabes como me sinto,
quando a cada manhã somes no horizonte,
e só voltas na trilha deixada pelo sol a se por,
e se demoras, além,
acendo minhas lanternas para que aches de volta
o caminho pra mim que sou teu cais!

          Manoel Augusto

Debaixo de cada pedra

Debaixo de cada pedra um segredo,
deixados alí pra ficar.
Esquecidos no tempo em silêncio,
Nem os séculos os vão revelar!

Debaixo de cada pedra uma certeza,
uma verdade que quer se mostrar.
Mas nem mesmo a chuva torrente,
pode as pedras tirar do lugar.

Debaixo de cada pedra um nome,
uma história, um viver a esperar,
que essas mesmas se movam um poquinho,
e asim elas vão começar.

Debaixo de cada pedra uma frase,
que é parte de uma antiga canção,
que nos fala de pedras, palavras, segredos
e as sentenças de um coração!

              Manoel Augusto

Poesia é coisa fácil de entender


Poesia é coisa fácil de entender.
são sempre palavras que estão fora de lugar,
do contexto, saltando das páginas,
dando vida a mundos que não poderiam existir!
são abstrações de um temo, batidos com violência
em liquidificador de letras.
Sua completa falta de sentido
é o que a torna instigante,
é um convite a abandonar a forma, as regras 
e noções gramaticais.
Ponto, vírgula, assento, concordâncias e expressões?
As leis da física, as geometrias,
com todos os seus limites e padrões?
Na poesia uma coisa é certa:
Nada é lugar comum!
Tudo se pode explicar em poucas palavras.
Falta de sentido é o que não pode faltar,
na tentativa de explicar como concebe seu mundo,
Como o enxerga, ou como não o conseguem ver.
Nela, não se entende o universo como está nos livros,
para o poeta, o universo é só virar alí na esquina
e pronto.
O mundo? Ah! 
o mundo está na palma de suas mãos!

        Manoel Augusto

O Equilíbrio equidistante de você


Estou num ponto equidistante de tí.
Tanto posso ir a você, como podes vir a mim.
Nosso sentimento neste ponto: equidade!
Não é difícil gostar de você,
ou deixar você gostar de mim!
Uma razão para ser assim: equilíbrio.
Ainda que opostas, nossas forças se igualam.
Nosso tempo: equinócio.
Os dias e noites perfeitamente iguais!
Nossa geomeria sempre forma um equiângulo!
Eu me inspiro em seus ângulos perfeitos,
Catetos, hipotenusas,
pra você fazer de mim sua razão!
somar, multiplicar, dividir,
onde só há um produto a exprimir: você!
Mas, se estamos neste ponto equidistante,
só precisamos caminhar a metade e chegar!

               Manoel Augusto

É você o autor


Esse verso é seu.
É você o autor.
Escreveu-o com sua vida,
sua existência, sua alegria e tristeza!
Com sua dor!
Mas também com seu amor.
Começou quando vieste à luz.
Quando abriste teus olhos ao nascer.
Este é o seu refrão: Você! você! você!
No verso mais fraco, estavas chorando.
No verso mais forte, estavas feliz!
o contrário também é verdadeiro e poético.
Quando encontrou alguém para dividir a vida, teu par,
o verso mais romântico escreveu.
Quando estavas sozinho, buscando alguém,
um verso de solidão que surgiu e se foi.
Agora mesmo, enquanto lês estas linhas,
escreves tú, teu poema aprender, descobrir, conhecer.
O teu dia, uma palavra, tua semana, uma estrofe,
tua vida,
a bela obra em curso à escrever.

             Manoel Augusto

Atormentado e feliz


Tenho nas minhas mãos as marcas da dificuldade.
Mas, meu olhar diz a todo mundo que não vou desistir.
Minhas sandálias gastas de tanto andar,
Meus pés sujos da poeira da estrada da vida difícil que levo,
confunde e contrasta com um sorriso sempre nesta face
marcada pelo tempo.

Quem me olha, diz: ele não sabe o que é sofrer!
Mas, meu espírito abrigado por este corpo surrado que
o contém, sabe!
A dor sempre foi meu combustível!
Me atormenta, me alimenta, me inspira
e me faz ser de guerra, de luta e não me deixa retroceder.

Tenho nas minhas mãos as marcas da dificuldade.
Mas meu coração é leve como uma pena pequenina.
O tempo desgasta meu corpo, mas ele abriga um
espírito jovem e feliz!
O vento contrário bate forte e quer me empurrar para traz,
Mas, dentro de mim uma chama que não se apaga me diz pra seguir.
eu penso que quanto mais difícil é a vida,
mas queremos continuar a lutar!

         Manoel Augusto

A pedra e a flor


A pedra rolou da montanha.
A flor brotou na planície.
O encontro estava marcado.
Ela parou de rolar e encostou na flor 
antes que pudesse esmagá-la.
Agora, uma tinha a outra.
A pedra estacionou na planície,
e sua dureza polida e duradoura tinha alguém
pra proteger!
A flor desabrchou e cresceu,
explodiu em beleza e botões.
Vieram as chuvas, os ventos e trovões.
Mas a pedra estava alí a lhe proteger
das dificuldades naturais de sobreviver!
Que bom!
Que um dia a pedra rolou da montanha
e a flor nasceu na planície!

          Manoel Augusto

A linha da vida

Era um menino,
e a linha da vida já estava alí.
Peguei a linha e fui.
Fui a escola, fui a rua, brinquei,
fui moleque, gostei!
Segui em frente e não soltei a linha.
A linha da vida.
Era rapaz, descobri as meninas, namorei.
Emoções, distrações, descobertas, corri...
Segurando a linha.
Agora era homem feito.
Casa, trabalho, dever.
Vieram os filhos, alegria, amor, complementação!
Os amigos se foram, outros vieram.
O tempo agora passa muito mais veloz.
Não há tempo pra todo mundo.
Já não faço só o que quero fazer.
Mas o que tenho obrigação de fazê-lo,
E a linha...
Ainda esta aqui na minha mão!

         Manoel Augusto

O valor das coisas insignificantes pra você


Imagine que seu mundo é um deserto pós-apocalíptico.
Todo o dinheiro do mundo é seu.
Mas, não há nada, nada mesmo, só o vazio.
Quanto você daria para ter uma plantinha viva?
Um pé de mato qualquer.
Algo verde pra alegrar sua existência.
E uma gota de orvalho?
Quanto  você pagaria para sentí-la em seu braço?
Uma abelha, uma flor, um raio de sol,
uma brisa batendo em seu rosto.
Sim, quanto você pagaria para ver um último por do sol?
Não há mais nada. Não há sons.
E assim sendo,
quanto valeria o canto de um pássaro qualquer?
Só pra você se lembrar como eles cantavam
quando o dia ía amanhecer!
E uma lua prateada, brilhando no céu?
Cheia, nascente, crescente, minguante.
Quantas milhares e milhares de notas valeria?
Você está só.
Gostaria de ver por uma última vez 
o sorriso de uma criança,
Passar por você e sorrir.
Só isso! Uma última vez!
Qual o valor das coisas pra você!

                Manoel Augusto






Sua alma


Não olhe pra baixo, pro chão.
Olhe nos olhos,
porque os olhos são o espelho da alma.
Mostre-se!
Sua alma é seu verdadeiro eu.
Deixe-se ver, 
deixe brilhar por teus olhos a beleza dentro de ti.
Para que vejam como é bonita sua alma!
Esta terra deixará de existir.
sua alma não!
O universo deixará de existir.
sua alma nunca, jamais!
O corpo é que parece conter a força de sua vida.
Mas, não é assim.
sua alma é que contém sua vida, e ela é eterna!
As estrelas se apagarão no céu, sua alma não!
um dia o sol não dará mais a sua luz,
e tudo que é verde murchará, sua alma não!
Se um cometa cair e se a bomba explodir.
Se matarem seu corpo
Sua alma não se importa com nada disso.
Eterna ela é!
Não olhe pra baixo, olhe nos olhos.
Deixe que vejam sua alma!

              Manoel Augusto

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Eu que não quero a solidão


Eu que não quero a solidão,
mas sempre me pego procurando estar sozinho,
me esmero em querer ficar comigo mesmo,
e por tempo até demais!

sozinho em pensamentos,
Me surgem à mente milhões de coisas pra dizer aos outros,
mas, meu esforço em dizer nada é tão maior e mais forte,
imenso como abismos profundos e sem fim,
vales sem pontes que me esforço em construir em mim.

eu que não quero a solidão,
e sou um estranho quando estou na multidão,
Seguindo sempre em outra direção,
fingindo não me perceber parte deste infinito ao meu redor.
Semeando pedras, cultivando ausências,
regando campos de nada, 
colhendo os frutos não desejados.

E o suor que me escorre na face, me diz
do meu sacrifício e duro esforço de procurar
estar sozinho.
e eu que não quero a solidão
me vejo assim, Só!

               Manoel Augusto

Estive perto da morte


Estive perto da morte,
Percebi que o corpo quer ficar, mas a alma quer ir.
E estando alí, uma vez,
quase entre dois mundos,
percebe-se a ausência de paz que existe em nosso viver!

Estive perto da morte.
e não senti o medo que pensei que sentiria
ao confrontar tal limiar.
Quer saber?
É bem como um novo começar.
um novo e desconhecido estar.

Estive perto da morte,
e descobri que ela não é o que pensamos que é...
Não há um vazio lá, não há ausências.
É bem como um novo começar.
É um novo e desconhecido estar...

      Manoel Augusto

Conviver

Conviver é uma arte.
Demanda inspiração e vontade.
Conviver tem de ter  inspiração,
é como compor uma canção
de versos cuidadosamente escolhidos.
Versos que não vão trazer os aplausos de outrem
versos que as vezes vão fazer bem,
as vezes vão ferir sem querer também!
Conviver reside na simplicidade,
na inocência culpada de querer viver ao lado de alguém.
conviver é um exercício constante,
inerente a quem quer compartilhar.
Compartilhar tudo: lágrimas, sorrisos, vontades, desvontades,
fúria e paz, suor e perfume, frio e calor!
Conviver, não dará certo se não se entregar
por completo.
Não pode ser só metade.
Metade do tempo, metade do coração, dos sonhos,
do que é bom, do que é ruim.
você viu?
conviver é uma arte...

              Manoel Augusto


A tranquilidade possível


A tranquilidade é possível.
Mas é preciso força de vontade, é preciso querer!
A serenidade é possível.
A partir da constatação de que é preciso pouco
para se viver em paz!

A tranquilidade, a serenidade e a paz vão embora
quando abro mão deste preceito:
Não preciso mais do que o necessário pra viver!


A minha vontade de ter mais do que preciso
gera a inveja!
e a inveja gera a cobiça!
Então a cobiça se transforma em atrair o mal.
E assim vão-se embora as coisas boas!

Me apego aquilo de que não preciso!
Mas quero!
E se não tenho aquilo que me é supérfluo, adoeço!
Então convido a infelicidade à minha vida!

                                                                               Manoel Augusto












Por que deixar a vida passar?


Por que deixar a vida passar?
E perder a chance de viver!
e de sentir a força de seu coração bater
de emoção, de alegria ou de paixão!
de ver a lágrima descer pelo rosto,
seja de tristeza, de algria, de raiva,
faça sentido ou não!

Por que deixar a vida passar?
e com ela a oportunidade de criar!
uma canção, um poema, uma visão, um filho, um amigo.
Não importa!
Viver é fazer parte da criação!
E disso não deveria ninguém abrir mão!

Por que deixar a vida passar?
buscando o inalcançável, o inatingível, o obscuro.
Se tú podes semplificar, e alcançar, atingir, dirimir,
descomplicar, satisfazer, curar, não ferir, deixar passar,
sorrir, ilimitar, agir, compartilhar, desisolar, sentir,
e sobre tudo amar!

Por que deixar a vida passar?
Ela é a única coisa que não podes fazer voltar.
Viva! por favor, viva!
e deixe viver!

                    Pequenas Palavras - Manoel Augusto

Como é bonita a esperança

Como é bonita a esperança.
ela movimenta o presente e o por vir.
Estamos sempre a dizer: Esta semana vou fazer isto
e aquilo outro.
Mês que vem eu vou terminar isto, aquilo e isto também!
A criança a dizer: - no natal eu vou ganhar de presente
aquele presente!
 E assim,
bate mais rápido o coração, falta o sono, alimenta a alegria,
suplanta a dor e o sofrimento!
Como é bonita a esperança.
Porque ela é de todo mundo,
pertence a quem quiser!
Ela não tem classe, cor, nacionalidade, padrão,
fronteira ou limitação qualquer.
E melhor! Ela é do tamanho que você quiser!
Ela nasceu com você, inerente ao teu ser!
Ela jamais vai te deixar.
Ela só quer uma chance de se mostrar,
e assim te revelar toda a beleza de se ter
esperança em viver!
Ah! como é bonita a esperança.

                  Manoel Augusto

Vide a vida



Vide a vida!
Porque sem vê-la, como irás vivê-la?
Vide a vida!
Porque se não observares suas instruções,
como irás compreendê-la?
Vide a vida!
Só nela a correta posologia.
Sem ela adoecerias e no fim, já tarde, descobririas
que deixaste de gozá-la da maneira que deverias.
Vide a vida!
Esta é a cura.
Vide a vida!
pra não ter de vide a bula!

              Manoel Augusto

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Abra as janelas da alma

Abra as janelas da sua alma
e deixe-a ouvir o seu criador.
Deixe-a ouvir a voz daquele que te criou.
Te criou para coisas eternas.
E então assim, com toda calma
escute os sentimentos,
pois são verdadeiros quando vindos da alma.
Seus cinco sentidos não podem te ajudar
podem até confundir,
mas o que vai te curar,
fazer sua vida mudar
É o que da alma sair.

Abra as janelas da alma,
só vai levar um momento.
Abra as janelas da alma
conheça o seu criador
enquanto ainda há tempo.

          Manoel Augusto

Como se fosse o último

Hoje eu vou deixar tudo pra lá,
e vou ver o pôr do sol.
Os aborrecimentos, vou esquecer.
Aos compromissos, irei faltar.
De vez em quando é bom!
O meu direito vou exercer
de desfrutar das coisas sublimes
que Deus fez!
E me lembrar que sou parte da natureza de uma vez!
Mas enfim
vou assistir este espetáculo maravilhoso
que eu silencioso,
deixo passar todos os dias por mim.
E se fosse o último,
e se chegasse o fim.
Então vou curti-lo,
ouvindo uma canção em dó bemol,
agradecendo a Deus,
aqui na praia, nesse atol
como se fosse o último pôr do sol!

         Manoel Augusto

Não desista

Não desista
ainda que digam que você não vai conseguir.
sim,
não desista
ainda que as circunstâncias digam não,
isso não é pra gente como você!
Quem você pensa que é?
Você!
você é exatamente você e isto te basta!
Quem?
tem o direito de dizer que você não o é.
Já disseram e vou repetir: Você é aquilo
que enxerga em sí mesmo, entenda!
Tens o mundo inteiro a tua frente, conheça!
Tens os milhares de livros a escolher, aprenda!
Todo amanhecer é teu, acorde!
Todo entardecer é teu, celebre!
Todo anoitecer é teu, descanse!
Toda madrugada é sua, agradeça!
então, a partir deste momento
descubra-se, imponha-se, busque-se,
encontre-se, divirta-se, supere-se,
anime-se, vença-se!
Não necessariamente nesta ordem.

                Manoel Augusto

quarta-feira, 15 de julho de 2015

A Pipa

Menino pobre, menino rico
Sapato bonito, pé no chão,
comida em fartura, pão com pão.
Bermuda importada, Calção remendado,
um vai de bike, o outro vai de camelo.

Quando sobem as pipas
se desfaz diferença.
Se um é pobre e outro rico
já não faz nenhum mal,
lá no alto voando, todo mundo é igual.
Rabiola de seda, qualquer um pode ter.
uma pipa bonita, todo menino sabe fazer.

Quando sobem as pipas
ninguém melhor que ninguém.
quem dera! pensa o menino,
felicidade fosse pipa também!

                                                                       Manoel Augusto

Cataventos


Catavento
Tú dependes da brisa pra viver, 
pra mover, ser feliz!
Tú me encantas como a um menino
que sonha um dia mudar esse mundo
e pinta esse sonho em papel, cera e giz!
E no meu sonho tu te soltavas, fugia e voavas
e então me mostrava
um caminho, uma estrada brilhante, 
céu de diamante, turmalinas, rubis.
e enquanto fugias, ouvias
o canto bonito de mil colibris.
E pousavas na relva coberta de acacias
de rosas vermelhas,
num mar flor de lis!
Com gosto, alegria e vontade,
e olha, falando a verdade
foi assim que te fiz!
Se o sopro da brisa te acorda,
desperta e renovas e te fazes girar
e girando espalhas por todo lugar um
perfume de anís!
Catavento
me fazes de novo um menino 
e assim sigo em frente
alegre e contente,
um menino feliz!

      Manoel Augusto

Amalgama

O que nos une é um sentimento: A dor!
É o que nos mantém ligados, amalgama!
Pois diferentes, unidos,
é como a lava de um vulcão,
os sentidos todos em profusão. Amalgama!
Tu és fogo e eu sou água,
amalgama é esta força em explosão.

O que nos une: a lágrima!
Será doce, o sentimento salgado da lágrima?
amalgama!
A lua que interfere nas marés,
São as ondas que mudam de feição.
Espumas, areias, amalgama,
esta é nossa perfeição.

O vento, a vela, o vôo, as asas,
Profundidades, alturas,
as batalhas nos tornando um só.
Querendo paz, mas não fugindo a guerra.
Suas cores, meus brazões,
Minha histórias são suas lições,
sou sua fúria, você minha calma,
unidos, ligados no corpo e na alma,
traduzidos numa bela  e tenaz expressão: amalgama!

             Manoel Augusto

Sempre é tempo de começar

Sempre é tempo de começar.
Você fez tudo pra dar certo, mas não deu!
Se virou do avesso e tentou
de todas possíveis maneiras, lutou,
e ainda assim não conseguiu.

Você tentou,
mudou, chorou, sofreu,
gritou e ninguém ouviu.
Seu coração sangrou,
uma espada sua alma atravessou,
subiu montanhas e vales cruzou,
Eu sei, se sentiu sozinho
seus pés doeram na estrada de pedras
e espinhos.

E seus amigos te deixaram,
a própria sorte, muitos te abandonaram.
Não se importe, deixe isso tudo pra lá
sempre é tempo de começar.

É só querer,
vou te dizer,
pra te ajudar e te lembrar
sempre é tempo de começar.

       Manoel Augusto

Tantas razões


Eu queria te falar umas coisas
mas não sabia como dizer.
então peguei papel, caneta e violão
e escrevi uma canção.

No céu, no céu
uma estrela brilhou
e seu brilho mostrou
um grande amor!

Nasceu, nasceu
no meu coração
uma linda flor da primavera.
Tantos anos.
tantas estrelas,
tantas razões
pra ser feliz junto de mim.

        Manoel Augusto

Ao invés


Ao invés de tristeza, alegria.
ao invés de omissão, optar.
Ao invés de prostrado, levanta,
e contigo, tudo o que dentro está.


Ao invés de ganância, destreza,
pois tua mão tudo pode te dar.
E ao invés de chorar tenha um sonho
de ilimitada extensão,
                                                     Vês o mundo. 
                                                     Em nada é pequeno,
                                                     limitada é a tua visão.
                                         Se te achas pequeno te digo
                                 um universo existe em tí.
                          Tua alma descende do eterno,
                    só precisas enfim descobrir.

                                         Manoel Augusto

Outono


Outono,
querias que fosses verão,
queria que rimasses com alegria
ao invés de rimar com solidão.
Outono,
Tú remetes a calma de um dia de morno sol,
Não aqueces, não esfrias,
Nem me dizes porque devo suportarte.
Outono,
Tú duvidas de tí mesmo,
Tú não dizes a que veio.
Queria tanto gostar de tí.
Até gosto de tua ausência presente.
De tuas meias palavras e de teus meios caminhos.
Tú és quase em quase tudo,
És quase um gesto, és quase um carinho.
Não és verão, não és inverno
é de todos eles um pouquinho.
Não fosse outono teu nome,
tú te chamarias sozinho!

        Manoel Augusto

domingo, 19 de abril de 2015

O silêncio da ciência

imagem de céu azul 04

Não que eu saiba todos os teus mistérios,

não que eu entenda tudo que queres me ensinar,

mal entendo teus desenhos intrínsecos, essenciais e inerentes.

tudo é um desafio ao te acompanhar,

tudo se explica segunda teu paradígma,

explicar o que não se explica por sí só,  

tudo é possível, segundo tuas probabilidades,

você pensou em tudo, minha cara ciência,

mas descobri onde reside o teu silêncio:

Nas cores da vida,

na lágrima cristalina, no teu coração,

sim, tú não tens um coração,

Não sabe explicar o calor de um abraço,

não podes sequer imaginar o envolvido num beijo,

quem deras soubesse a dor do amor,

quem deras sentisses um sorriso em nós,

o que acho inexato em tí, é esta tua correta exatidão em tudo que dizes,

Porque nem tudo que existe e exato, concreto, definitivo,

existe além de tuas fronteiras a eternidade, o inexplicável, o por vir,

o príncípio, o meio e o fim!

existe um Deus!

                                     Manoel Augusto