Pela vida
Porque todos precisam de vida!
domingo, 11 de setembro de 2016
Era meu inimigo?
Um soldado voltando da guerra
de volta a sua gente, sua nação e sua terra
Se sente aliviado de estar em casa de novo
mas agora seu corpo cansado e sua alma ferida
não consegue esquecer
mas também não consegue lembrar
porque tivera de atacar e matar
aquelas pessoas
e não tinha como explicar se ele nem conhecia
e nem podia sentir raiva daquele povo.
Quando viu sua família, sua mulher e seus filhos
sentiu vontade de chorar,
de saudade, a que trazia no peito,
mas chorou ao lembrar que os soldados inimigos que matou
pra suas famílias não poderiam mais voltar.
quantas crianças por causa da guerra
não teriam mais um pai pra abraçar.
Queria não se sentir culpado
mas se culpou,
não fora ele quem aquela guerra infeliz decretou
mas a existência e a realidade dela
foi ele quem optou
e aceitou aquela missão
não sabe dizer direito porque tomou aquela decisão.
Sua vida perdeu o sentido
e por causa daquele horror que havia cometido
estava mais morto que vivo
estava em casa mas se sentia perdido
e pensou se não teria sido melhor
lá no meio do fogo cruzado ter sido alvejado e morrido
seria agora um heroi e jamais seria esquecido
pois o que mais lhe destroça a alma
uma lembrança que não consegue apagar é de ter ouvido
aqueles gritos de dor e ter matado alguém
que ele nem sabe ao certo se era mesmo seu inimigo.
Manoel Augusto
Com certeza
Um dia achei que tinha certeza,
mas depois de descobrir que não a tinha o tempo todo
pra mim era motivo de uma velada tristeza
mas a vida foi seguindo e depois de viver esse tempo todo
posso de dizer que vejo as coisas com mais clareza
e se as vezes os olhos te enganam
e a alma é que tem que te chamar de volta
e falar contigo com franqueza
Te digo que não é em admitir que você
é humano e por isso tem sua fraqueza
que isso pode tirar de você sua vontade de vencer
e roubar de seu dia a dia a sua tranquilidade e sua leveza.
Não,
Ainda que na maioria das vezes
na hora das escolhas imprescindíveis você se sinta abandonado
por aquela nossa amiga, a certeza (olha ela aí de novo)
encare isso com muita frieza
pois não vai adiantar ficar dando ouvido aquela voz interior
te dizendo que seu espírito está tomada pela pobreza
de idéias, de vontades, imaginações,
não cometa com você essa indelicadeza.
o que nos importa é buscar lá dentro de nós
aquela força que faz parte de nossa própria natureza
e acreditar que você é capaz de cair
mas que também pode realizar uma incrível proeza
que é se levantar, seguir e e de novo tentar,
e se de novo cair, de novo se levantar
essa é sua fortaleza
reconhecer-se limitado, mas nunca derrotado,
ainda que pareça estar nadando contra a correnteza
você vai prosseguir
pois se as vezes for tratado pela vida com rudeza
lute,
é assim que arrancamos dela sua crueza
fazemos com que nos mostre um pouco de sua beleza
então teremos conquistado com honra
nosso lugar ao sol
e agora com toda certeza
ter encontrado afinal nossa maior nobreza.
Manoel Augusto
sábado, 3 de setembro de 2016
Um dom como esse
Uma vez puseram um piano em frente a uma loja
para quem passando por alí, poderia tocar se o quisesse.
Claro, alguém que houvera estudado e soubesse.
Mas a vida é assim,
sem que a gente espere o inusitado acontece,
e eis que vindo um morador de rua,
e vendo alí o piano na calçada,
largou suas tralhas e sentou-se ao piano
e antes que alguém por sua aparência o julgasse
indigno ou até incapaz de tocá-lo,
executou um linda canção ao piano
antes mesmo que alguém arrancá-lo dali pudesse
e sua habilidade ao piano e a beleza da música
que suas mão produziam eram tamanhas
que era impossível a quem passando por alí não se comovesse
Como pode sob aquela horrenda figura das ruas,
abandonado e franzino,
ninguém em sã consciência como um exímio pianista o reconhecesse
e pensasse naquele instante como ele vivendo essa vida
de miséria e de esperança vencida
sua mente não se corrompesse
e sua arte e seu dom dele não se esquecesse
Só o que se pode dizer, sim dele dizer é que
o colocamos na mente e no coração através da vida
nada pode tirar, nada pode apagar,
vai além das estrelas,
foi com ele assim,
pois por mais que sofresse
que apanhasse da vida e mal sobrevivesse
foi o que a vida lhe deu e foi o que pode guardar
quantos queriam ter um dom como esse.
Manoel Augusto
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
A lenda do sol e da lua
Os índios contam uma lenda
uma lenda sobre o sol e a lua
e é uma história tão triste que ele
só conta uma vez a cada nova geração.
Uma lenda sobre a maldade do homem
e de como sua alma é perversa e crua.
Diz a lenda que o sol nasce feliz
e sua felicidade é tão grande, imensa
que ele brilha e brilhando espalha alegria por todo lugar.
O pássaro canta agradecendo ao sol seu calor.
A árvore floresce dizendo de sua gratidão ao sol com amor.
A onça salta, corre e ela ruge dizendo ao sol seu valor.
Era tudo perfeito, era tudo alegria, não faltava ninguém
mas chegou um tal homem, civilizado se disse esse alguém
e então veio o dia nublado
é que as nuvens esconderam do sol e protegeram a lua
da maldade do homem e de como sua alma é perversa e crua.
E se o sol não brilha, não tem alegria
o tal homem chegou e acabou a harmonia
E o sol vai ficando infeliz vendo a terra chorar de agonia
vendo homem derrubar a floresta em nome de uma coisa chamada cidadania
e dizer que é preciso matar a onça porque ela é feroz
mas os índios sabem que isso não passa de uma grande ironia
e o homem aprisiona o passarinho querendo roubar o seu canto pra sí
é o homem, esse ser desprezível, um nada, era o que ele valia
quis mostrar sua força, destruindo a tudo, isso ele sabia
revelando sua alma perversa e amedrontando a todos
era o que ele queria
E o sol vendo isso tanto mais se escondia
ouvindo o lamento da terra e dos bichos, como ele sofria
e resolveu que quando aquele dia acabesse
lá no longínquo horizonte mergulharia no mar e não mais voltaria
e assim não haveria mais sol, não haveria mais luz
e nesse ato final a vida aqui cessaria
e num conforto eternal ele bem que sabia
que o malvado do homem também morreria
mas a lua serena tão quieta ouvia
e apesar da maldade do homem isso ela não permitiria
que o sol se matasse e levasse com ele
toda luz, toda vida e toda nossa alegria
e resolveu que de uma vez essa sanha infernal ela terminaria
antes que a noite acabasse e o dia nascesse
uma linda canção de amor cantaria
e o sol quando ouvisse lá no fundo do mar
ele despertaria
a atraído pelo som de sua voz voltaria
e de novo e numa nova esperança ele então brilharia
esperando que o cruel homem percebesse todo mal que fazia.
A lenda se encerra assim
dizendo que o sol e a lua até hoje esperam
não que o homem se acabe
mas que ele finalmente deseje viver com eles em harmonia.
Manoel Augusto
Eu e o vento
Espero o vento soprar
não tenho escolha
E se ele vem, lá vou eu passear por aí
vou sem hora pra voltar
eu vou a qualquer lugar que ele quiser me levar
esperei tanto tempo esse dia chegar
quantos sonhos eu tive de poder viajar
ver os campos elísios, ver as flores em mar,
sentir o gosto da brisa e aprender a voar
Eu sempre quis saber aonde a estrada vai dar
queria seguir o rio
ver seu encontro com o mar
queria que esse dia durasse pra sempre
e que o amigo vento jamais quisesse parar
e eu cruzasse esse mundo inteiro
colhendo estórias pra poder lhe contar.
Toda gente que vive essa vida
precisa do dia do vento soprar
pra que faça sua vida sentido
é preciso sair do lugar
se arrisque e suba nem que seja um pouquinho
sua alma agradecida será
se não puder ver o mundo inteiro
conheça ao menos esse lado de cá
aproveite que o vento está forte e te leva
uma hora ele haverá de parar
considero que uma vida foi triste
se passar e ao final
não tiver uma única história a contar.
Manoel Augusto
Cuidado
Pois é, tenha cuidado
sabe porque no mundo anda faltando satisfação,
alegria, boa vontade, carinho, prazer, amizade
porque seu eu não cuido dos amigos, isso não é amizade
e seu não tenho cuidado com meus pais
como posso cuidar de outro alguém de verdade
e se eu não cuido dos meus filhos,
o mundo cuida pra mim e o resultado não vai ser bom pra ninguém
pra ser pai tem que ter qualidade.
a verdade é que quem ama cuida, já dizia um poeta
e quando falta cuidado chega uma hora
que a pessoa se cança e o amor vai embora.
Pois é, tenha cuidado
com as palvras que se apressa em dizer
pois tudo que a boca fala
sua alma há de colher
e tenha cuidado com as mãos
não as ponha jamais no que é dos outros
melhor evitar confusão
quem usa suas mãos sem cuidado acaba perdendo a razão.
E se eu cuido de todos que amo
se dou carinho, conselho e atenção
E se um dia estiver precisando por que não retribuiriam então.
É de cuidado que o mundo precisa
cuide o máximo que conseguir
pois quem cuida recebe de volta o cuidado
e nem precisa pedir.
Manoel Augusto
De pai pra filho
E não foi por acaso
que aprendi minha primeira lição
E tudo quanto fizer, faça de todo coração
Errar é mais que permitido
para o mais fraco seja um abrigo
evite ao máximo usar a palavra não
E não seja por acaso
mostrar ao perdido a certa direção
não espere e nem escolha ser por outros servido
a vida lhe será por demais agradável se souber
estender a mão
e em todo lugar será sempre bem recebido
se a todos tratar como irmãos
Evite sempre o conflito e se alguém
te provocar por aí, tome outro caminho então.
E nos lábio uma palavra branda sempre pronta pra dizer
isso vai desviar a ira e do ódio vai sempre lhe protejer
e tudo que souber ensine a todo que precisar
terá sempre admiração e respeito e como um mestre
irão lhe tratar
um dia, já faz algum tempo
com meu pai aprendi a lição
e hoje que tenho filhos
espero poder fazê-los guardá-las no fundo do coração.
Manoel Augusto
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