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sábado, 30 de março de 2013

Penso! Logo existo?

foto: Claudilene Arrighi - 21.04.2012 - MENDES-RJ
 Pensar! Para logo existir?
 
Para alguém como René Descartes, pensar  é o presuposto, ou seja, circunstância antecedente necessária de outra, para existir. É o que nos diferencia dos demais, é a coroação da existência. Mas, e você, que como eu, leigo, concorda com esta máxima? Basta pensar para se existir? Mas, eu vos digo meus amigos, que quanto mais penso na minha existência, menos pareço existir!
 
Por que será que quanto mais aprendo e apreendo nesta vida, mais percebo a difícil tarefa de existir. Claro, que quando digo existir, não estou querendo dizer somente sobreviver. Porque sobreviver, baratas sobrevivem, ratos sobrevivem nos esgotos, e uma infinidade de criaturas sobrevive.
 
Eu estou falando de fazer sentido em existir. Principalmente para nós mesmos. O racionalismo de Descartes não me serve, não me é paradigma. Prefiro Damásio a ele (António R. Damásio, Neurologista Português - em O Erro de Descartes) de onde a expressão: "cogito, ergo sum" dá lugar a: Penso, sinto, logo existo. Então assim, a vida e existência de cada um de nós, deixa a fria matemática cartesiana, para seguir esta dualidade entre pensar e sentir.
 
Talvez já tenha acontecido com você o que vem acontecendo comigo: Quanto mais penso o que fazer em determinadas tomadas de decisão, mais fico confuso. Quanto mais fatores existem na minha decisão, mais difícil é vislumbrar este produto. E assim, algumas coisas importantes da vida vão sendo adiadas, ou relegadas a segundo plano, coisas tais, que trariam até mais satisfação e prazer, mais cor a difícil tarefa de viver.
 
Talvez seja por isso que as pessoas mais otimistas que conheço sejam as que são menos calculistas, e acertadamente são as que encaram a vida com mais simplicidade. Talvez, por isso o mundo hoje seja mais frio, e mais desapaixonado pela vida. Talvez, por isso a vida tenha tanto pouco valor. Há menos paixão no ar, há menos expontaneidade nas relações, nos envolvimentos. As pessoas estão cada vez menos envolvidas pela vida.
 
Existem alguns especialistas na área do comportamento que chamados a explicar na mídia o comportamento violento da sociedade (alunos em sala de aula, crimes passionais, crimes envolvendo familiares) que tais indivíduos estavam tomados por paixões incontroláveis, e haviam perdido a razão.
 
Acredito eu, justamente o contrário. perdoem-me se lhes causa estranheza. Hoje, vivemos num mundo e sociedade tão recionalizada, de coisas tão matematicamente calculadas, que nós como agentes da vida, estamos perdendo a capacidade de se emocionar, de se compadecer até mesmo de nossos queridos. Hoje, onde tudo tem um valor numerário explícito, ou seja, a tudo pode se dar um preço.
 
Hoje, só há interesse naquilo que brilha, naquilo que é extremamente belo e perfeito. Até a beleza de um rosto, se procura explicar matematicamente, geométricamente, assimetricamente. Esquecem-se que todos os rostos são assimétricos, ou seja, um lado nunca é igual ao outro. Mas é nisso que reside a beleza, em não ser matematicamente perfeito. Nós sentimos a beleza, e não a calculamos, ao observarmos um rosto não conseguimos perceber a assimetria deste, mas conseguimos ficar apaixonados por alguém pela primeira vez.
 
Que bom que Descartes, em algumas observações não estava com a razão. e viva os sentimentos. não é um viva ao sentimentos, é sim, mas também um conselho para toda a vida: VIVA SEUS SENTIMENTOS.


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